Ainda pouco difundido no mercado de trabalho brasileiro, o modelo de expediente a distância, o conhecido teletrabalho, trabalho remoto ou home office, está se destacando no cenário e ganhando, cada vez mais, adeptos desse padrão alternativo de trabalho.

Mas, qual seria a razão? Podemos definir o teletrabalho como uma tendência para o mercado de trabalho? Muitos acreditam que isso tudo seja por uma opção de economia, devido à crise. Outros, pela tecnologia móvel e modernização dos ambientes de trabalho. Existem ainda os que julgam ser a fórmula da conciliação da vida profissional e pessoal.

Então, para esclarecermos todas nossas dúvidas referentes ao tema, convidamos o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (SOBRATT) e consultor no Grupo de Consultoria em Teletrabalho (GCONTT), Cléo Carneiro, para nos explicar quais são as vantagens desse tipo de trabalho, entre outros pontos importantes. Confira!

Conceito
O teletrabalho, também conhecido como trabalho remoto ou home office, é todo o trabalho executado por profissionais a distância, ou seja, fora do ambiente de trabalho na empresa. Trata-se, portanto, de uma forma de trabalho que pode ser realizado em domicílio, de forma integral ou periódica, por meio das tecnologias móveis, como internet, celulares, notebooks, entre outros.

Para ser considerado teletrabalho, é preciso contemplar alguns aspectos, que se referem ao local da execução do trabalho, à periodicidade para a realização desse trabalho, à utilização da tecnologia e à sistemática de trabalho aplicada.

O teletrabalho pode ser realizado das seguintes formas:

1) Home office: é o trabalho executado na residência do profissional. Existem colaboradores que trabalham somente em sua casa para uma empresa ou um empresário. Há também aqueles que prestam seus serviços para vários empresários. Existem ainda os que não cumprem integralmente a jornada de trabalho em domicílio, ou seja, cumprem parte em casa e parte na empresa.

2) Centro compartilhado: são os trabalhos desenvolvidos de forma descentralizada da sede da empresa, isto é, são executados em centros compartilhados providenciados pela própria empresa. Nesses espaços há toda a infraestrutura necessária para a execução de suas tarefas.

3) Trabalhador de campo: essa modalidade possibilita a maior flexibilização do tempo e espaço de trabalho. O trabalhador de campo pode executar sua função em qualquer lugar, como no quarto de um hotel, na praça de alimentação de um shopping ou até dentro do seu carro.

4)Teletrabalho em equipes transacionais: para essa modalidade de teletrabalho, é preciso existir grupos de           trabalhos para sua execução, com equipes multidisciplinares. Ele pode acontecer em reuniões presenciais, com clientes, sempre desenvolvendo os trabalhos em diversos locais, como na residência, campo, no cliente, entre outros.

O profissional que executa suas tarefas nessa modalidade de trabalho é chamado de teletrabalhador.

O teletrabalho no cenário nacional
Um estudo realizado com mais de 300 companhias de diferentes segmentos e publicado pela revista Exame, em maio de 2016, revela que essa prática ocorre em 37% das corporações. Nessas empresas, apenas 7% dos profissionais optaram por essa modalidade de trabalho. A pesquisa detalha ainda que as empresas de pequeno porte são mais adeptas ao teletrabalho do que as de médio ou grande porte.

Além disso, 89% dessas empresas optaram pelo teletrabalho devido à facilidade em atrair talentos; 87% pela otimização de processos internos; 85% devido à retenção dos colaboradores.

Outro dado interessante revelado pela pesquisa, é que 74% usam esse recurso para viabilizar ou manter as estratégias de negócios e 66% para superar o período de crise.

A justificativa para as empresas que não ainda adotaram o modelo de trabalho é o conservadorismo da gestão, aspectos da segurança da informação, problemas legais, dificuldade para gerir atividades em ambiente externo e barreiras de infraestrutura.

Teletrabalho é uma tendência? Cleo Carneiro responde
Ainda que o tema teletrabalho já seja amplamente discutido e implementado por quase 40% das empresas no país, o assunto ainda deixa algumas dúvidas. A fim de esclarecermos essas questões, o especialista em Teletrabalho, Cleo Carneiro, prontamente, nos ajudou nisso. Confira:

Teletrabalho
Para Cleo, teletrabalho não é uma tendência. É uma realidade. Segundo ele, “não faz o menor sentido com o avanço da tecnologia, os profissionais ainda precisarem se deslocar até o trabalho, gastando horas e mais horas no trânsito para fazerem tarefas que poderiam ser feitas em casa”.

Ainda de acordo com Cleo, o teletrabalho gera maior qualidade de vida. “Primeiro, porque ninguém perde tempo, nem o teletrabalhador, nem a empresa. O teletrabalho gera ganho na produtividade, dá mais foco, mais concentração e disposição à pessoa”. Para o especialista, “uma coisa é ficar uma hora no trânsito, outra é dar três passos para chegar ao escritório”, disse.

Ao ser questionado sobre os números do teletrabalho em nível nacional, Cleo afirma que eles são muito significativos. “37% das empresas brasileiras já praticam o teletrabalho. Esse número é muito significativo. Quando comparamos os dados dessa pesquisa, com aos de 2014, vemos uma expansão muito grande. Isso quer dizer que estamos no caminho. A gente já faz isso ao pagar nossas contas. Antes, íamos até o banco. Agora, fizemos isso de qualquer lugar pelo aplicativo. As ferramentas de transmissão de dados e de comunicação facilita muito”, salienta.

Implantação       
Quanto à resistência para implementar a prática, Cleo relaciona alguns fatores. Primeiro, ele acredita que o grande desafio é mudar o pensamento do gestor, que é o decisor, a fazer uma gestão por controle e não por resultados. Cleo acredita que “se a pessoa não estiver no campo visual do seu gestor, parece que a pessoa não está trabalhando. É a questão da distância percebida e geográfica. Com um programa bem implantando, com regras bem definidas e política de teletrabalho, é muito positivo”.

Cleo acrescenta que o teletrabalho é mais uma função de confiança do que de controle. “A postura gerencial é fundamental para esse processo. O gestor pode negociar metas, prazos, padrão de qualidade, mesmo o profissional estando em casa. Ele precisa apenas de um canal eficiente de comunicação onde possa fazer um acompanhamento”.

Resultados
Quanto aos resultados, Cleo é enfático. “Em termos de produtividade, a experiência mostra que ela aumenta em casa, por uma série de razões, como o não desgaste físico, a manutenção do foco, já que não precisa atender ao telefone, tirar dúvidas do colega, entre outras interrupções. Ou seja, não existe perda. Só há manutenção ou ganho.

Vantagens e desvantagens
Segundo Cleo, não existem desvantagens, mas desafios. Entre eles, cultura do gestor e questão jurídica quanto ao controle de jornada de trabalho, horas extras, que devem ser acordados no contrato de trabalho.

Ainda sobre a legislação, Cleo lembra que não há diferença no momento da contratação. Ele ressalta que não conhece nenhum caso de reclamação trabalhista por causa do teletrabalho, mas lembra que as regras devem ser estabelecidas anteriormente. “O Tribunal Superior do Trabalho já utiliza o teletrabalho. O Superior Tribunal Federal e o Tribunal de Contas da União também. Então, temos esses órgãos como exemplos que tem dado certo”.

Entre tantas vantagens que Cleo Carneiro poderia destacar sobre o teletrabalho, citou duas: a economia com espaços físicos e o nível de absenteísmo das empresas que atuam com o teletrabalho. “Além de diminuir gastos com aluguel de grandes salas comerciais, prédios ou escritórios, há a redução nos custos com energia elétrica, telefone, internet, entre outros. Sobre o absenteísmo, há uma pesquisa que mostra que em um call center, com profissionais do sexo feminino, o nível de absenteísmo normal é de 10% ao dia. Quando utilizado o teletrabalho, esse percentual cai para 1%”, revela.

Dicas do especialista
Para a empresa que ficou interessada em implantar o sistema de teletrabalho, Cleo dá algumas dicas:

É preciso cuidar das pessoas. Tanto os gestores quanto os teletrabalhadores precisam passar por um processo de sensibilização e capacitação;
Depois, é necessário estabelecer a política do teletrabalho, reunir todos os envolvidos e discutir os papéis de cada um, tirando dúvidas e esclarecendo todos os pontos, inclusive jurídicos;
É preciso estabelecer os compromissos e as expectativas, de ambos os lados;
Após a implantação, a gestão precisa dar todo o suporte necessário ao teletrabalhador, acompanhando-o e criando instrumentos para a produtividade. Quem está em casa, precisa ter um canal de comunicação para contar o que está acontecendo.
“O grande fator de sucesso é ter uma política bem explicitada, desde controle de jornada, de despesas. Havendo uma política discutida entre direção, gestores e teletrabalhadores, o teletrabalho é extremamente positivo”.

Considerações
Como pudemos observar, cada vez mais o teletrabalho se torna presente no dia a dia das empresas. Apesar de algumas ainda não se identificarem com o método, as pesquisas revelam que é uma ótima alternativa, principalmente quando já existem no mercado mecanismos que possibilitam maior segurança jurídica para ambos os lados.

Nesse sentido, podemos citar ferramentas que descentralizam e facilitam o acesso às informações, tanto para a empresa como para o colaborador. É um Portal RH, que concentra todas as informações necessárias para o cumprimento das obrigações e deveres. Além dele, o registro do ponto através de celulares, tablet e computadores, mesmo a distância, permite o controle da jornada de trabalho pelo setor de RH, proporcionando a segurança jurídica necessária.

 

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